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Campinas, São Paulo, Brazil
Rio de Janeiro em 1929. Bacharelado e Licenciatura em Matemática(PUC Rio, USP e PUCCAMP,1956).Cursos no exterior:”Advanced Topics”, Universidad Nacional de Chile,1964, “Vibrations and Waves”, Reed College, Oregon,USA,1965. Cursos no Brasil:Curso “Phywe” para professores de Física na AEC(Rio,1958), PSSCC Physics com os autores(1962).Doutorado (Física UNESP,1974) com a tese “Um Projeto Brasileiro para o Ensino de Física”,orientador Prof.J.Goldemberg, grau máximo. Ex-professor da PUCCAMP(1957-69),UNESP(1979—74),USP(visitante,197678),UNICAMP(1972-76), UFRRJ,Rio(1976,aposentado 1993). Autor dos livros: “O céu” e “As linguagens da Física” da Atica,”Com(ns)Ciência da Educação”(Papirus), “A Terra em que vivemos” da Atomo, “O que é Astronomia”da Brasiliense e “(Re)Descobrindo a Astronomia” da Atomo. Docência de cursos sobre os próprios livros em muitos países da América Latina(1974-1988), além de todas regiões do Brasil.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Ano Internacional da Astronomia - 03/2010

Em 2009 celebrou-se o Ano Internacional da Astronomia. Esse evento foi promovido pelas instituições UNESCO, União Internacional de Astronomia e celebrado em quase todos os países do Mundo. O principal objetivo foi a comemoração dos 400 anos das retumbantes descobertas feitas com a primeira luneta apontada para o céu por Galileu Galilei em 1609. A segunda grande razão foi a publicação da primeira lei de Keppler sobre as órbitas dos planetas nesse mesmo ano.
Em 1609 Galileu montou a primeira luneta a ser apontada para o céu. Era a primeira vez que alguém olhava para o céu com um dispositivo de aumento e sobretudo com um espírito científico. As descobertas não só foram extraordinárias. Elas colidiam frontalmente com a concepção do Mundo da época e que era defendida de maneira repressiva Igreja.. A Igreja defendia e pregava a idéia de que todo o Universo girava ao redor da Terra. A Terra era o centro e a razão do Universo. Qualquer idéia que tirasse a Terra do centro desse Universo era considerada herética e passível de condenação. Segundo essa concepção a Terra devia ser o centro onde estava a obra prima e razão da criação, o homem.
Nessa visão do Mundo, além da Lua, o Sol, os planetas e todo o céu com as estrelas, tudo giraria ao redor da Terra. Ainda segundo essa doutrina, as estrelas, eram imutáveis desde a criação, eram encrustadas na face interna de uma grande esfera, o céu. Para além disso estava o céu em sua concepção religiosa como a mansão dos bemaventurados.
O Sol e a Lua, assim como o próprio céu deveriam com sua perfeição esférica espelhar a perfeição divina. Em 1609 Galileu descobriu que a superfície da Lua era cheia de acidentes: buracos (crateras), altas montanhas, vales e planícies, coisas que mostravam um relevo ainda mais irregular que a própria Terra. Quando ele apontou sua lunetinha para o Sol descobriu manchas no Sol e ainda mais, que essas manchas se deslocavam na sua superfície.
Ao observar o planeta Venus em diferentes oportunidades, verificou que as imagens de Venus mostravam fases parecidas com as fases da Lua e ainda grandes variações da tamanho. Ficava evidente que Venus não se deslocava ao redor da Terra e sim ao redor do Sol. Na época o céu das estrelas fixas era considerado imutável, isto é, completo como havia sido criado desde o Genesis, a criação do Mundo. No entanto, com a luneta Galileu pôde ver muito mais estrelas do que as já conhecidas pelos astrônomos numa mesma região (constelação) do céu.
As estrelas continuavam apenas como pontos mas muitas mais apareciam através da luneta. Mas, mais que tudo, quando Galileu apontou sua luneta para Júpiter descobriu quatro “estrelinhas” alinhadas, muito próximas a aquele planeta. As observações em dias e semanas seguintes mostraram diferentes posições daqueles quatro pontos em relação a Júpiter. Logo ficava evidente que aquelas “estrelinhas” faziam voltas ao redor de Júpiter. Eram seus satélites: os quatro primeiros( Io, Europa, e Ganimedes e Calisto). O próprio Júpiter que sempre tinha sido visto ora mais ora menos brilhante, mas sempre apenas como um ponto brilhante, agora mostrava uma superfície.
Os planetas, mesmo os mais brilhantes sempre tinham sido vistos apenas como pontos mas nunca antes como corpos esféricos. Ficava evidente que eram corpos de natureza diferente das estrelas. Embora as descobertas de Galileu fossem evidentes e visíveis, elas não só não foram aceitas como Galileu foi condenado e teve que, de joelhos, abjurar, isto é renegar o que havia sido uma das mais retumbantes descobertas já feitas pelo homem. Foi também devido ao grande prestígio de Galileu e de seus influentes amigos, os Medicis de Florença, que ele teve apenas uma pena de prisão perpétua, em sua casa. Poucos anos antes, um outro filósofo, Giordano Bruno que havia pregado a favor dessas idéias do Heliocentrismo, tinha sido queimado vivo em praça pública, em Roma, em 1600, nove anos antes das descobertas de Galileu.
Era uma advertência às “perigosas” idéias que estavam surgindo. Hoje pode nos parecer difícil de acreditar que provas tão evidentes não só não tenham sido aceitas como fizeram a condenação de um dos homens mais brilhantes da humanidade. Nesse mesmo ano Johan Keppler publicava a sua primeira lei sobre o movimento dos planetas, a lei das órbitas. Por essa primeira ( de três) lei de Keppler os planetas não só orbitavam o Sol como também não faziam órbitas circulares mas sim elipses. E o Sol nem sequer estava no centro mas num dos focos das elipses. Keppler muitos anos antes havia sido contratado como jovem matemático para ser assistente de um outro grande astrônomo dinamarquês, Tycho Brahe. Brahe durante grande parte de sua vida fez observações sobre as posições do planeta Marte. Com a morte de Brahe, Keppler herdou toda aquela grande quantidade de registros sobre as posições desse planeta vermelho. Pouco tempo antes de Brahe, Nicolau Copérnico havia sugerido a possibilidade de se explicar os movimentos dos planetas de uma maneira heliocêntrica, isto é, com movimentos dos planetas ao redor do Sol.
Com essa hipótese ficava possível determinar o tempo verdadeiro que os planetas levam para fazer uma volta ao redor do Sol. Embora fosse apenas uma hipótese, isso tornava possível também a determinação do raio das órbitas dos planetas interiores, Mercúrio e Venus. Foi com base nos descobrimentos e idéias de Galileu e Keppler que, algumas décadas depois, Isaac Newton descobriu a lei da Gravitação Universal que explicava numa só equação, porque os corpos celestes são esféricos, a queda dos corpos e a órbita da Lua ao redor da Terra, as marés e as órbitas dos planetas e cometas. E´ com esse conhecimento que, até hoje, se sabe como funciona a mecânica celeste que rege o funcionamento dos planetas e seus satélites, naturais ou artificiais. E´ também com esse conhecimento que se tornou possível o lançamento de sondas espaciais ou de satélites para tantas finalidades. Estes orbitam a Terra com as mesmas leis que regem qualquer satélite natural.e que foram descobertas com a gravitação.
Em 2009 também se celebrou o centenário da criação do avião “Demoiselle”(1909) por Santos Dumont. Esse modelo começou logo a ser comercializado por uma empresa americana na forma de “Kit” para montar. Esse avião tinha exatamente o formato de um ultraleve dos usados hoje. Esse modelo era muito diferente do “14Bis” de 1906 e já possuía a forma básica e fundamental dos aviões que conhecemos hoje.
*Bacharel e Licenciado em Matemática com doutorado em Ciência(Física,UNESP,1974), ex-professor da PUUCC, UNESP, UNICAMP e IFUSP(professor visitante) e aposentado pela UFRRJ.Autor de vários livros : ”O céu”, ”Linguagens da Física”, ”Que é Astronomia, ”Com(ns)Ciência na Educação”, “A Terra em que vivemos”...

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